21 de maio de 2011

Em busca Da Palavra

Os espelhos dessa casa estão cheios de sorrisos amarelos. Em suas fotos, olhares perdidos. Meus desaguares constantes mantém limpo o ladrilho de mosaicos dos cacos da minha alma.

E blá blá blá.

Acho que eu e você, hipótetico leitor, precisamos de um pouquinho mais do que essa pseudo-poesia suicida da infelicidade, né?

Vou atrás de outro Porto, de outras formas.
Mas a ciência da minha falta de talento não diminui a enorme contribuição dos comentários que foram deixados. Foi a minha primeira experiência do gênero, e, tenho fé, existirão outras. Mas isso depende de estar bem comigo mesma e mais segura e relação ao quero dizer.

Até!

7 de março de 2011

Salvar como

O momento de salvar esses papéis que vou deixando ao vento nessa máquina velha (estamos no início do século XXI; o note tem três anos; já era) é sempre embaraçador. Não estranha que os títulos desses documentos sejam os mais estúpidos, e raramente tenham algo que ver com seus conteúdos. Ou com qualquer coisa que seja.


Aliás, eles próprios são sobre o nada. Sobre o nada que leva ao des.espero de escrever – veja-se o caso dos “Devaneios monográficos”, obra-prima da “verborragia e da autoconversação como estratégia de sobrevivência” (pouquíssimos abnegados-amigos tiveram o desprivilégio de conhecer).

Daí o título que ficou nesse por inspiração do próprio e obsoleto Bill Gates ser mais que apropriado.

Salvação.

Pra quê? Pro espírito? Pro corpo? – de cara pra essas duas fotos que encabeçam minha escrivaninha na casa dos meus pais, de fato me encorajo a pedir socorro. Mas a facilidade com que os dedos deslizam por essas teclas sussurra uma ideia: e se a “solução” que a família reunida buscava no brainstorm do café da manhã de Carnaval for mais simples que cosmética?

Mais amiga da vontade e da impulsividade que ela quer combater que da tal “perseverança”?

Escrevamos, diz o dandi Tavares. Pois bem! Dancemos balé com o teclado, sem preocupação com a lógica, mais Cisne Negro sedutor que patinho feio frígido, já que o Oscar esteve aí por esses dias.

Ou por nada, não tenho que justificar a escolha dos meus movimentos. Só estou rodando sozinha na sala da minha casa, numa manhã de chuva, sem nada melhor pra fazer. Sentindo a vida subir do chão e se espalhar pelo mundo pela ponta dos meus dedos.

Como a minha mãe quando ouve Jimmy Cliff e fica toda eriçada. Sunshine Day.

Alonguemos.

28 de fevereiro de 2011

Manhã encoberta no Sul de Minas Gerais

Ficar aqui pra sempre. Até que o sempre se torne insuportável.
As pessoas me dizem que tenho que voltar diferente dessa vez. Alguma coisa precisa realmente mudar. Tenho pesquisado cursos. Mas o que gosto mesmo, pra falar a verdade, é de não fazer nada.
Folhear e recortar revistas até de madrugada, ouvir todas as músicas do iPod.
O foda de ficar aqui é não poder fumar à noite, quando dá mais vontade. Ordens do chefe da casa. E abdicar daquele uisquinho que sempre dá algo de classe à melancolia.
“Viver ou morrer é o de menos. A vida inteira pode ser qualquer momento. Ser feliz ou não, questão de talento”, diz o Ney aqui ao pé do meu ouvido.
Ser artista é sonho. Tudo seria muito mais simples se fosse possível abdicar da pulsão pelo transcendente. Ou da vaidade que não se contenta com os cumprimentos de praxe. Da vaidade pra qual o que não é virtuose não é nada além de cosquinha no ego.
Não caibo em mim de tanta vaidade. Realmente, ser feliz ou não é questão de talento.
Houve um tempo em que eu tinha planos, muitos planos. Posso ate dizer que era bem ambiciosa. Hoje tenho vontades em forma de fumaça, mimos de criança que não sabe com o que brincar.
Tudo se tornou relativo, questionável, quando o que eu espero das coisas é o absoluto. O prazer absoluto. Não acredito na tal da “força de vontade”. Acho que, ou se é, ou não se é. E assim, pra não forçar a barra e ser falsa comigo mesma, não sou nada. Mas eu quero ser tudo. Quero ser gênio.
A vida tem sido uma luta pra ocupar a mente com qualquer coisa que não seja gastar dinheiro – luta vã, já que só paro mesmo quando o dinheiro acaba. Prazer? Imagino que algo semelhante a uma picada.
Às vezes me pergunto: ler pra quê? Quer dizer, qual é o meu objetivo, e em que direção eu vou? E aí vem a ideia do curso de letras, e do mestrado em teoria literária, e aí já começo a estragar com regras aquilo que eu mais valorizo na vida. O mesmo vale para a pretensão de escrever um livro. Ser escritora significaria me juntar aos grandes, de alguma forma, pertencer ao grupo dos ...
tá aí: o que é um escritor, além de um contador de histórias? Dostoiésvski era um fodido na vida, muito mais fodido que eu, que nem sou exatamente fodida. Escrevia pra pagar suas dívidas de jogo. E hoje tem lá sua prateleira em toda livraria e em qualquer sebo de respeito do mundo. Isso só pra dar um exemplo.
Todo mundo se vira como pode. Tantos e tantos escritores foram funcionários públicos. Mas eu confesso que seus textos me soam meio tediosos. De um tédio quase burocrático. Estou falando especificamente do Pessoa e do Drummond, posso estar cometendo uma injustiça com outros dos quais não me lembro agora.
Um escritor realmente bom, do tipo gênio, nunca encontra reconhecimento em vida. Se bem que os tempos são outros, tem a internet, e tal. Você não pode agir como um ser do século XIX em tempos 2.0.
Não sou como o Léo Tavares, meu ídolo entre os seres vivos da minha idade. Além de ser gênio, o que já ajuda muito, ele sabe aproveitar muito bem o recurso do blog, o mobileazul.blogspot, pra divulgar seu trabalho. Atualiza quase todos os dias, e com material excelente. Além disso, é excêntrico, carismático, cheio de amigos. Enfim, circula. Uma coisa que eu definitivamente não faço.
Não é mole não. Hoje, literatura também é espetáculo. E tá sobrando gente cheia de coisa para dizer, com todos os recursos disponíveis pra isso. O tempo do escritor introvertido já passou.
Esse texto era pra refletir sobre o que eu vou fazer da vida daqui pra frente.