25 de fevereiro de 2010

Conversa cruzada de Carnaval

(Para Rita)

Como seria começar tudo de novo?
Escolheria o que eu sou hoje outra vez?
Escolhi alguma coisa ou fui simplesmente me agarrando às oportunidades pela falta de um plano, como um macaco saltando de galho em galho guiado apenas pelo medo do chão e pela vontade da comida?
Preguiça, muita preguiça.
Que não me forcem a buscar novos galhos.
Pequenas mudanças não me atraem.
Me joguem de uma vez no meio da selva, e quem sabe brote do desespero a semente fluorescente que aguardo em silêncio.

2 de fevereiro de 2010

Meu pequeno príncipe

Qual seria o gosto de seu único beijo?
Um beijo às escondidas, do qual nem nós mesmos teríamos notícias.
A vida continuaria como sempre foi: a sua, como um dominó cujas peças vão caindo em sincronia perfeita, ao som da firmeza irritante de seu caráter; a minha, com a mesma “flexibilidade” leviana da qual finjo me orgulhar, porque me diferencia de xiitas como você.
Com esse beijo, que seria como se não tivesse sido, não precisaríamos mais nos desprezar, e nos libertaríamos do constrangimento de sentir o coração parar em rápidos olhares que nos prometem o Jardim do Édem.
Não sou mais a menina de saia curta e pernas finas que puxou fitas cor-de-rosa do bolo de 15 anos na esperança de encontrar a aliança escondida no meio do glacê.
Muitas vezes o ar me faltou, e perdi a conta de quantas vezes caí num buraco escuro que pensei que fosse sem fundo.
Mas pra você, e pra ninguém mais, guardaria meu único beijo.

Negra e elegante

A excitação me ronda.
Vontade de pintar o mundo em multicolor e sair escorregando em arco-íris imaginários.
O medo mora ao lado da vontade de pular na cama elástica.