23 de outubro de 2009

Uma história de Cigarrilhas

Deu vontade de comprar cigarrilhas.
Cigarrilhas pequeno-burguesas, com piteira e tudo, que combinam com mãos de dedos grossos e curtos, suntuosamente enfeitados com anéis de prata.
Dedos adestrados de Karamázov, que sabem exatamente onde ir e em que ritmo ir em benefício próprio, sob o pretexto de fazer o bem à humanidade. Dedos que vão fundo, sem se machucar.
Cigarrilhas têm cheiro de suor misturado, têm forma de clarafrio, têm jeito de perder o juízo e a noção de quem se é pra não recuperar nunca mais.
Cigarrilhas afogam, machucam, viciam, humilham.
Não fumo mais cigarrillas.
Na verdade, nunca fumei, embora ache as caixinhas bonitinhas.
Prefiro segurar entre meus próprios dedos despretensiosos um bom paieiro.

2 comentários:

Nelson Luiz de Oliveira disse...

"clarafrio"

Involuntário, o neologismo ficou interessante.

Raíssa Abreu disse...

Só vc mesmo (rs...).