20 de maio de 2010

Atrasada para o chá

Andava sobre a cidade tentando se equilibrar em pedaços de tábua que desabavam pro infinito. Onde não havia tábuas, tinha que se segurar, de um lado, em pedaços de arame farpado e, de outro, numa cabeça de homem que pendia de algum teto invisível.
Tinha a impressão de que a cabeça estava viva. Era capaz de ouvir as batidas do coração da esfera sem corpo. Vez por outra, ela ainda parecia lhe sorrir zombeteira, para seu horror.
Sabia que precisava encontrar uma saída e se deparou com uma porta de vidro muito antiga e muito alta. Desceu feito mulher-aranha e eis que se viu com as-pessoas-da-sala-de-jantar.
Tentou explicar tudo (?), mas o fôlego lhe faltava. Continuaram comendo e falando baixo, até que alguém a encaminhou ao lavabo: estava coberta de sangue.

3 comentários:

dansesurlamerde disse...

ai. faz a gente sentir uma agonia.

beijo.

Unknown disse...

genial, eu diria; edifica um turbilhão no cenário imaginário.

de vez em quando é bom passar em frente a um espelho...

"leia dicionário, leia dicionário, leia dicionário; leia bons autores..."
Éter da leirura, urgente zanga,vertigem inolvidável, revelação impossível dos meus segregos não revelados atribuindo a fantasmagóriga bula, um eufemismo sugestivo, maximizando o sentir umidecendo as raizes agonizante. Balançar os leitores, surte no inconsciente um contato com a criança interior, é mister que sensação comprimida, é pérola aglutinada, ou tumor malígno:um aspecto da vida que não admite neutralidade...

Potencial e Conteúdo

fantasmagóriga disse...

assim como a vida imita a arte, nao se diz se bem ou mal, os replies tentam por aqui tb, sem sucesso algum. sua poesia tem talento, tanto. orgulhe-se.