6 de janeiro de 2010

Diário de uma adolescente 1

Fui atraída para uma festa de vampiros.
Era só uma brincadeira, que começou antes, naquela piscina (ou era uma banheira?).
Sei que havia um não sei quem mirrado, acabrunhado e curioso, que eu devia proteger.
E que havia uma não sei quem voluptuosa, que sabia de tudo e ia nos devorar.
Os dois eram eu.
Eu sozinha no meio dos vampiros.
Da primeira, escapei. Ela me cheirou de modo que todos os pelos do meu corpo se arrepiaram e minha espinha se derreteu. E me passou adiante.
O segundo era ruivo. Ao contrário dos outros, usava branco. Ele me sacava, e não tinha pena de mim, como não tinha pena de si mesmo.
Gritei de medo.
Riu da minha cara falsa de Maria Madalena arrependida.
E aí sumiu.
Corri dele, ele à espreita.
No portão, o prenúncio da morte: nenhuma das chaves do molho servia.
Até que uma porta se abriu trazendo luz não sei de onde.
Vi tias, vi mãe.
E fui salva pelo tédio dos dias.

2 comentários:

Unknown disse...

Você é intensa demais para a minha fraca sensibilidade.
Adoro o que escreve.

Raíssa disse...

Sua sensibilidade não tem nada de fraca. Aliás, a de ninguém.