20 de maio de 2010

Atrasada para o chá

Andava sobre a cidade tentando se equilibrar em pedaços de tábua que desabavam pro infinito. Onde não havia tábuas, tinha que se segurar, de um lado, em pedaços de arame farpado e, de outro, numa cabeça de homem que pendia de algum teto invisível.
Tinha a impressão de que a cabeça estava viva. Era capaz de ouvir as batidas do coração da esfera sem corpo. Vez por outra, ela ainda parecia lhe sorrir zombeteira, para seu horror.
Sabia que precisava encontrar uma saída e se deparou com uma porta de vidro muito antiga e muito alta. Desceu feito mulher-aranha e eis que se viu com as-pessoas-da-sala-de-jantar.
Tentou explicar tudo (?), mas o fôlego lhe faltava. Continuaram comendo e falando baixo, até que alguém a encaminhou ao lavabo: estava coberta de sangue.

13 de maio de 2010

Deprê?

Não sou infeliz. O que me deixa triste é a certeza de que a vida não cabe na formatação dos dias.