27 de abril de 2010

Sinfonia da moça sozinha na mesa do bar

bate pé
bebe vinho
escreve escreve escreve
bebe vinho
brinca com celular
escreve escreve escreve
olha as horas

acende o cigarro de emergência
desenha o caminho da fumaça com a ponta da caneta

bebe vinho-rabisca-desenha-bate pé-bate tecla-bate copo-caneta no papel-língua na taça-dedos no celular
enviar.
já era.

26 de abril de 2010

Ainda sobre o desejo

E eis que de repente as coisas me soam mais complicadas do que pareciam ser, de novo. Viver meu desejo não depende só de mim. Ou depende, mas tenho medo de ir sozinha. Há como que uma série de protocolos. Uma espécie de processo de seleção a ser disputado. Receio não ter o perfil para ser plena. 

Quisera ter sua coragem, sua força, sua beleza, sua auto-confiança. Você nasceu com asas. Eu nasci pra me esconder sobre elas. Houve um tempo em que pensei que tinha asas e que era tudo uma questão de prática. Culpava os outros pela minha covardia. Me feri na primeira queda e, por orgulho, jurei que jamais me veriam no chão daquele jeito.

Mas onde estou, senão no chão, vendo você voar da janela da prisão que construí? Queria falar com você sobre tudo isso. Queria sua ajuda para aprender a voar, como se isso se ensinasse.

Fique onde está, longe de mim. Recuse-se ao vampirismo, à mitificação. Recuse-me, e, de alguma forma, continuarei aprendendo.

21 de abril de 2010

Sobre o desejo e o recomeço

Pensei em voltar com coisas que foram ficando jogadas nas páginas. Mas esse post é sobre recomeço, então, ainda que os textos "antigos" sejam testemunhos do processo, eles não me servem mais. Vamos ver o que sai daqui pra frente.
E vai sair sem a pretenção de ser poesia, prosa, prosa poética, diário ou seja lá o que for.
Foi uma decisão difícil, entre tantas outras. Mas o fato é que percebi, finalmente, que da minha sobrevivência
depende respeitar o meu desejo, sem subterfúgios.